No que consiste nossa experiência do tempo? Quais zonas permeamos por meio da deambulação pela cidade? Como preservar a liberdade num sistema que não olha para a alteridade, onde a condição da massa urbana significa sobreviver em meio ao caos instituído pela corporação do capital?
Os desenhos, colagens, pinturas, estêncis e gravuras de Sergio Rodriguez são processos construídos através do olhar para as narrativas urbanas. A materialidade da cidade - sua presença física e simbólica – transborda nos trabalhos do artista, que propõe um diálogo do fragmento e da vivência cotidiana e banal. Essa dos bueiros das esquinas, da desordem e da singularidade, dos transeuntes nas calçadas, das normas instituídas em formato de sinalização, da luminosidade alucinada dos faróis e das propagandas em telas de LED.
Rodriguez desafia razões estanques e verticais ao sugerir que a arte abarca uma pluralidade de existências, transmitindo em imagens gráficas vestígios da vida em constante movimento. Como um manifesto, suas imagens reinventam possibilidades de maneiras como nos relacionamos, de ritmos e de percepções do mundo.
Manoela Furtado
Curadora